domingo, 7 de fevereiro de 2010

Cauê.

Esse post certamente eu vou guardar para ele ler, rs, e, mais certamente ainda, vou ser uma mãe muito menos relapsa do que sou como blogueira, rsrs.

Acho que sempre me preparei para ser mãe de uma menina. Sempre, desde que eu brincava, imaginando como seria suuuuper legal ter uma boneca viva por perto. Todas as roupinhas que compraria, todos os lacinhos, sapatinhos e mais inhos que toda menina tem. A minha série preferida é Gilmore Girls e, por aí, já dá prá ter uma idéia do quanto isso parecia importante.

Depois, já quase adulta - pretensão, hahahahahaha -, participei ativamente do nascimento e crescimento da Vitórya, minha prima que tomei por boneca, rs. Depois dela, não nego que a minha vida mudou. Foi um marco prá família e me deu a garantia de que estava certa, com algo do tipo " tá vendo, to pronta prá alguma coisa desse tipo, mas se só se for menina!". 

Outros primos vieram e, então, ganhei de presente um sobrinho...e eu achando que era possível amar daquela maneira somente um filho de outra pessoa, rsrs. No começo, o João Vitor era um nenê ali tão perto, tão perto, mas que eu queria uma distância de segurança porque tinha irmão no meio e um irmão com quem a convivência só melhorou quando ficamos mais velhos. Aliás, esse é mais um dos motivos que eu agradeço ter feito mais de 20 anos - poder finalmente conviver em "paz" com meu irmão, ainda que a gente se mate, rsrs.

Mas não foi assim....o João Vitor é um dos reais amores da minha vida, além de ser a criança mais linda que eu já vi, daquele tipo que parece um desenho animado. Além disso, ele é engraçado, inteligente, sarcástico - já assim, rs - e sabe sair de situações enroladas com frases do tipo:" Tia, fica feliz !!" no momento em que eu queria esganá-lo. Meu homem perfeito assim seria, rsrs.

Porém, isso não mudou a idéia de que teria que ser uma menina, mesmo com ele.

Depois, veio a Maria Clara, irmã do Titor, ainda hoje uma mulherzinha pequena como diria um primo meu. Linda e brava. Toda mulher tem que ser assim. No início, eu me senti aliviada com a sensação de não ter que dar uma neta pros meus pais, hahahahahahaha, já que a minha mãe me criou falando sobre o dia que eu ia ter a minha filha e o quanto ela queria que eu tivesse tudo o que ela teve comigo, especialmente a amizade.

Com esse alívio veio, também, a certeza de que eu nasci prá ser mãe de menina. Eu não poderia estar enganada tendo a Vi e a Clara tão presentes na minha vida.

Aí, eu quis engravidar. Aí, eu quase morri quando disseram que seria difícil, por uns problemas. Aí, eu fiz tudo o que tinha que fazer prá acontecer. Aí, de repente, me vi nesse estado interessante, com as pessoas com mais influência sobre mim dando palpites, sem contar as torcidas da minha mãe e da minha vó, com tanta certeza de que vinha mais uma menina.

A primeira vez que eu fiz um ultrassom foi depois de uma noite em que eu chorei de desespero, com o medo de tudo dar errado me aterrorizando. Nunca tinha sentido aquela sensação de responsabilidade por outra vida e isso me deu muito, muito medo. Chorei até cair sentada no chão, querendo vomitar toda aquela ansiedade e medo que me apertavam o peito.

No dia seguinte, ao ver aquele grão com um coração, não pude deixar de ser clichê e chorar. Era uma felicidade tão, tão pura, tão leve, de paz, que me confortou como nada tinha me confortado na vida. O grão tava ali, plantadinho, só querendo crescer. Eu tinha conseguido. Mas, seria uma menina mesmo ? Eu ia usar toda a minha preparação ? A sensação era a de que não, mas, enfim, sensações de grávida geralmente não contam, porque são sempre exarcebadas. 

O segundo ultra foi assustador !! Tinha ocorrido um sangramento e o medo me apunhalou de novo !! Não desejo a ninguém - se bem que, prá alguns às vezes o desejo prá alguns é pior, ai, ai - o sentimento de impotência diante de uma situação que você não tem qualquer controle. No fim, era só eu e o meu corpo maluco me assustando e o grão continuava ali, batendo, batendo.

A terceira vez que nos vimos foi fantástica. Assim, simples. Vi que o grão tinha progredido e, agora, parecia um etezinho. É sério. Não é prá zombar, mas parecia um etezinho simpático que mexia bastante, dividindo espaço ali comigo. E era perfeito. E, mais uma vez, aquela sensação de paz voltou....eu queria passar o resto da vida naquela sala de ultrassom, olhando praquele etezinho ali. Novamente, me veio a impressão de que era moleque que estava ali, mas, sei lá, vai que isso era somente pelo fato de todos falarem nenê.

Em seguida, só iria ouvir o coração. Vê-lo novamente só em 2010.

Então, estávamos em janeiro de 2010. Passaram-se os aniversários, as festas de fim de ano, e a incógnita continuava. Ainda era só nenê, genérico, sem nome. Que ódio disso !! Fomos prá consulta e mais uma vez agradeci pelo som forte de batida de coração que vinha dali, da minha barriga. Médica animada, tudo certo e ela ordena que o ultrassom não demore a ser feito. Fui eu lá na clínica, toda feliz e ansiosa marcar o raio do exame, achando que poderia ser pro mesmo dia. Essa parte é engraçada, prá mim pelo menos, rsrsrs. Quando a atendente me disse que só teria horário prá dali a 5 dias, menos de uma semana, pouco tempo assim, eu chorei. Chorei, assim, simples. Chorei na frente dela, marcando o horário, com um monte de paciente esperando. Um choro de revolta mesmo, sabe. Chorei, chorei, chorei ligando pro marido, rsrs, prá minha mãe, chorei até sentada na frente do computador do escritório. Era uma revolta pelo nada, por não conseguir fazer o que eu queria na hora em que eu queria. Afinal, todas as mães que eu conhecia e que estavam com o mesmo tempo de gravidez que o meu já sabiam o que eram e eu continuava ali, indefinido, com um nenê somente.

Então, nesse mesmo dia do choro, eu resolvi fazer exame por conta própria, nada credenciado no plano de saúde. Lugar simples, conversa rápida, bastante gente, mas tudo muito prático. Entramos, o marido-pai e eu e, logo no começo do exame, o médico fala, rápido e direto:" É um menino!! Olha o pintinho dele ali !!" Eu jamais vou esquecer essa frase !! Os olhos do pai brilhando - no escuro, como se eu pudesse ver, rsrs -, e eu, sem enxergar nada na tela, chorando, chorando, chorando....de felicidade !! Eu, que me preparei a vida inteira prá ter uma filha, menina, boneca, estava ali com um menino !! 


Sempre imaginava, nos meus devaneios sobre filhos, que ficaria triste se não fosse menina, que ia buscar ter uma filha e essas histórias todas, mas não...estava feliz, feliz como nunca tinha me sentido, por ter certeza de que ele, sim, ELE, estava vindo prá completar a minha vida. Me senti realizada, completa, preenchida - literalmente -, com a sensação de dever cumprido, por ter um menino bravo - porque ele não parava de mexer - com as pernas bem compridas, ali, vivendo junto a mim. O nome já estava certo, só faltava confirmar aquela sensação que tiver no início dessa loucura toda - às vezes, a grávida nem é tão exagerada assim.


Desde então, desde o dia 27 de janeiro de 2010, o sentimento é de que nunca mais estarei só. Não sei como será a nossa vida, quanta risada tem por aí, quantas músicas vamos cantar, quantas brigas teremos, como elas serão, não sei de nada. Só sei que, com você, eu sou a pessoa mais feliz do mundo. 

Agora, você acaba de mexer. Pronto. Tudo o que eu imaginei sobre filhos na vida você derrubou e me fez nova, melhor. Obrigada, =D.