terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Reescrevendo. Para você, Cauê.



"Oh, my  love ,for the first time in my life,my eyes are wide open.Oh, my lover, for the first time in my life,my eyes can see.I see the wind.Oh, I see the trees.Everything is clear in my heart.I see the clouds.Oh, I see the sky.Everything is clear in our world.Oh, my love, for the first time in my life,
my mind is wide open.
Oh, my lover, for the first time in my life, my mind can feel.I feel the sorrow.Oh, I feel dreams.Everything is clear in my heart.I feel life.Oh, I feel love.Everything is clear in our world.(Oh, my love - John Lennon)





Você já sabe: essa é a sua música, prá mim. Toda vez que eu cantarolo ou coloco em algum lugar prá tocar, você já diz "é a minha música, né, mãe ?" E sempre vai ser. Nesse mês de setembro, há cinco anos atrás, você estava se fazendo em mim. Partia a Maria Cristina pessoa, única, avulsa, rs, e estava nascendo a Maria Cristina mãe, muito mais feliz e completa do que era a outra, rs.

Meses atrás, me vendo contar sobre seu nascimento, você me disse que não queria me ver chorando e que não queria mais que eu contasse como tinha sido sua chegada, porque me ver triste te deixava muito triste. Na hora, eu realmente não soube o que falar, porque, apesar de todas as dores que eu carrego daquele momento, você é a minha vida, minha razão, meu amor, meu ânimo. Foi a primeira vez que eu pensei em como você ia receber a sua história, em como poderia ficar gravado em você seu nascimento, geralmente contado pelas famílias com tanta alegria. E me dei conta que ninguém de nós nunca contou sua história prá você.

Nesse momento, você está dormindo, então, vou fazer disso daqui um ensaio do que eu quero contar prá você.

Cauê, você veio de um estalo, um clique, uma vontade súbita de não ser só mais eu. Eu quis você, num dia de manhã, enquanto arrumava o quintal antes de trabalhar. Naquela hora, você veio em um sentimento tão forte que, mesmo com tantas controvérsias, eu decidi que ia ter um filho. 

Seguiram-se alguns meses, até outubro de 2009, quando eu soube de você. Se anunciou em meio a algumas dores aqui, ali e me encheu de medo, muito medo, mas muito mesmo, e de uma felicidade que não cabia em mim !!! Desde pequena, eu sempre imaginava que o meu primeiro filho seria uma menina. E não. Veio você, em um sonho, cabeludo, todo de azul, sentado na minha cama, me mostrando que, dali prá frente, eu já não tinha mais controle, que não era do meu jeito. Tão fantástico isso tudo !! Nova vida, novo mundo, e eu ali, entre deslumbramento e todos aqueles hormônios, juntos e misturados.

Seguiu-se uma gravidez cuidada, eu achava. Tantos exames, medicamentos, e cuidados, atenção. Enfim. Em nenhum momento, eu questionava aquilo tudo. Eu queria tanto você lindo e perfeito logo, comigo, que nunca me atentei prás desnecessidades que vinham e não reparava no mais importante, em nós, ali dentro de mim.

Preocupada em deixar tudo organizado, seguimos até o final, sem nenhuma intercorrência, só alguma variação de pressão. Até que, no fim de maio de 2010, ouvi da médica a seguinte frase "Cristina, vamos marcar ?". 37 semanas de gravidez, então. Tudo feito, segundo o protocolo de "rotina" do atendimento particular: curso de gestante, em que ninguém contou sobre os riscos que estaríamos correndo (valeu muito, muito, pelas dicas em amamentação, que usamos tanto, rs), pediatra contratado, muita ansiedade, mãe assustada, pai enlouquecido, feliz, com a sua chegada. "Então, prá que dia ? Não pode ser dia 1º de junho ?", eu disse, dando significado a uma data que tanto nos é especial. Hoje, eu jamais responderia isso. Mas, hoje. Sua história de nascimento já foi feita e eu não consigo lembrar disso sem emendar "me desculpa".

No dia anterior, fui normalmente a nossa aula de ginástica, sai feliz contando que, muito provavelmente, você chegaria no dia seguinte. Aquela noite, por incrível que pareça, eu dormi bem. Dormi sabendo que era a minha última em que éramos um só. A primeira coisa que seu pai me disse, ao acordar, foi "e aí, dormiu ?" Feliz, radiante, muito, mas muito cansada, porque o meu peso era muito (25 kg a mais....). Última consulta a tarde, tudo certo, era só ir para o hospital às 17:00 horas. Simples, né ? :(, antes disso, passamos no pediatra e, naquela hora, enquanto seu pai e a vovó iam informar, eu tive meu único momento de dúvida: "e se hoje não for o seu dia de nascer ? Será que não é melhor adiar ?". Falei isso prá eles quando voltaram ao carro e, depois de tudo ajeitado, só restava ir, né ? "Como desfazer tudo agora, quando já tá tudo marcado ?". Assim, fomos prá casa, só pegar as malas, avisar quem tínhamos que avisar e, fomos, estava chegando a hora !!!

Quando chegamos ao hospital, algo já mostrava que nada ia ser como esperado: não tinha vaga para quarto particular. Ficamos sentados na recepção, onde dormi, acordei, cansei, exausta de esperar por tudo, literalmente. Por conta disso, me colocaram em uma sala na emergência, onde eu só pensava "é normal isso tudo mesmo ?". Até que, depois de quase 3 horas, um enfermeiro veio nos avisar que a sala de cirurgia estava pronta. Nesse momento, enquanto eu tirava todos os meus brincos, eu comecei a chorar de verdade, a tremer, a sentir o maior medo do mundo !!!!! Enquanto eu chorava, minha mãe chorava, o seu pai tremia, era tudo tão grande, era tudo tão assustador. Colocada na maca, enquanto ia pelo hospital, a Tina, a Claudia e a Karina (isso eu NUNCA vou me esquecer !!!), fugiram pela recepção e vieram desejar uma boa chegada (isso foi tão lindo, todo mundo chorando!!).

Enfim, chegamos. Tudo muito frio, paramentado, gelado. Toda a equipe se ajeitando, até que a médica chega e diz "viu, seu filho vai chegar no dia que você escolheu!". Vê só, :/. Eu estava tão cansada, me sentindo tão subjugada, querendo ir prá casa, que nem respondi. Dali a pouco, veio a anestesia e, pronto, tudo ia começar. A última coisa que eu pensei antes de entrar definitivamente no efeito da anestesia foi "até daqui a pouco, Cauê, a gente se encontra!" E, então, você não veio de pronto, a gente não se encontrou tão logo como tínhamos combinado.

Você saiu de dentro de mim e não chorou. Gemeu, um gemidinho que até hoje eu escuto. Vieram me mostrar você tão rapidamente, mas tão rápido mesmo, que nem perto de mim você chegou. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo. Fui para a recuperação, para o quarto e nada de você. Até que, às 07:00 da manhã, o pediatra entra no quarto e me diz "Cristina, nós tentamos de tudo e não deu certo. O Cauê está na UTI". Naquele momento, como eu já disse alguma outra vez, eu senti o chão abrindo e um tsunami passando por cima de mim. Eu não disse nada, eu só chorei e perguntei prá Deus porque isso tava acontecendo comigo. Minha mãe também não disse nada, só me abraçou e chorou.

Eram duas visitas por dia, de manhã e a noitinha. Liguei para seu pai e ele veio. Foi fazer a primeira visita sozinho. Hoje, eu ainda penso em como ele foi corajoso em enfrentar aquilo tudo sozinho. Perguntei, na volta, o que ele tinha achado e ele disse "é muito estranho", bem triste. Então, às 18:00 horas, fomos para a segunda visita. Me arrastei pelo corredor inteiro, com dor, afinal ainda não tinha 24 horas de cirurgia, e, conforme ia se aproximar do local, eu tremia. A hora que entrei na UTI Neo, vi um raio x, ao lado, de um pulmão. Era o seu, mas eu ainda não tinha noção. Te vi, de longe, dentro de uma incubadora, com o nome "RN de Maria Cristina", era a sua identificação, você ainda não tinha nome prá eles. Entrei, mal pude te tocar com a ponta dos dedos e, como eu estava muito dolorida, não consegui ficar nem meia hora em pé. Voltei ao quarto me arrastando, chorando de dor, mas não dor física, dor em saber que você ia ficar lá sozinho. Na madrugada seguinte, lá pelas 05:00 da manhã, eu chorei, muito, mas muito mesmo, porque escutava outros nenês chorando e você não tava ali. Era enlouquecedor aquilo tudo !!!!!!

Achava mesmo que a nossa vida estava condicionada à UTI, que só te veria naqueles horários em que o hospital tinha estabelecido. Nesse período, enquanto todos os outros quartos tinham visitas felizes pelos nenês, ninguém, além da família, nos visitou. Seu pai sentiu muito isso, ninguém celebrava sua chegada com a gente. Era como se tudo, realmente, tivesse dado errado.

No dia seguinte, a médica veio me dar alta, porque a minha recuperação tava ótima, eu só não tinha você, rs. Só não saí porque o pediatra pediu prá que eu ficasse, pelo menos, mais um dia, prá ver se ele conseguia levar você da UTI para o quarto. Mas, no dia seguinte, não teve jeito, fomos embora. Na hora de sair, seu vô, meu pai, me disse "você vai ter coragem de sair e deixar ele aqui, sozinho ?". Perturbador, mas, eu fui. A hora que eu cheguei em casa, tudo pronto, sem você, eu chorei, muito, de novo, a dor que era não ter você comigo. Blasfemei novamente contra Deus, queria saber o motivo de tanta dor. Me sentia, literalmente, um saco de presente vazio.

Nesse dia, a noitinha, fomos para a visita. A hora que chegamos, você estava fora da incubadora. Quando eu vi isso, fiquei cega, fui reta em direção a você, esquecendo completamente de todos os procedimentos que tinham que ser feitos (lavar as mãos, colocar a veste....). Depois de paramentada, a enfermeira me disse que iam colocar você prá mamar. E assim foi. Você veio para o meu peito, que não tinha nada, e tentou sugar, aquela boquinha tão minúscula. Na prática, não teve nada, mas aquele momento foi tão sublime, me senti tão preenchida, viva, feliz, como não senti por todos os dias anteriores. Fui prá casa, a noite, tomei um chá de folha de manga feito pela sua vó, na fé que o leite ia descer (como de fato aconteceu na manhã seguinte, rs). Aquela noite, eu dormi com uma dose de calmante e, enquanto chovia lá fora, eu pensava "primeira chuva do Cauê e ele tá no hospital, sozinho". Até hoje, quando chove à noite, você me diz que não tem medo de chuva, que é muito corajoso e sabe que ela não faz mal.

Sábado veio, na visita, você nos reconheceu, abrindo a boquinha, como se quisesse mamar, quando eu toquei em você (lembra o video que eu te mostrei ?). E, então, domingo !!!! Você estava indo da UTI para o quarto e a sensação que eu tinha era que tinha ganhado - e não feito, rs -, o maior presente que ia poderia ganhar !!! A minha maternagem, finalmente, ia começar !!! Você saiu da UTI, foi para o quarto e, logo, já foi colocado no peito. Já tinha colostro, mas a pega era difícil, porque eu não tinha bico nos seios, que eram bem grandes prá uma boquinha tão pequena.

Eu, realmente, já achava que tinha sido difícil o suficiente até ali. Mas, não. Nos colocaram uma outra meta: você não sairia do hospital enquanto não aprendesse a mamar. Hoje, eu penso em como isso foi cruel, por um lado, e bom, por outro, porque me forçou a me descobrir como nutriz, como mulher que foi feita prá cuidar e alimentar seu filho. E, então, por quatro dias, com milhares de correções de pegas, muitas ordenhas (até seu pai e sua vó aprenderam a ordenhar, rs), muitas mãos das enfermeiras em mim prá fazer você mamar. Foi exaustivo demais, eu achava que a nossa vida seria só dentro daquele quarto.

Depois de 8 dias, fomos prá casa. Qualquer dificuldade, dali prá frente, seria muito, mas muito menor. Eu aprendi a ser mãe imediatamente. Não me deram o tempo prá aprender a lidar com tantas novidades, eu tive que superar todas as angústias, medos, hormônios, prá fazer com que você me reconhecesse. Porque meu maior medo era esse: depois de tanto tempo te esperando, que você não soubesse qual era o meu cheiro, minha voz, meu toque. Aprendemos, meu amor, você aprendeu a mamar certinho, se desenvolveu tão bem, é tão perfeito, que todo mundo esquece disso tudo o que você passou. Como eu te digo todo santo dia, você é muito corajoso.

Até hoje, Cauê, eu não sei se superamos isso tudo. Tem dias que eu acho que sim, tem horas, como agora, que eu acho que não. Acho que eu nunca vou superar, nunca vou deixar de chorar isso tudo o que a gente passou. Às vezes, você tem reações que me remetem, na hora, ao seu nascimento. Mas, o que tem que ficar bem claro é que você não é o motivo do meu choro. Ao contrário, você é o meu riso, minha alegria genuína. Meu choro é por terem nos submetido a tanta dor, afastamento, a tantas provas, quando, na verdade, eu só queria te ter prá mim, desde o primeiro segundo que saiu daqui de dentro.

Espero que, logo, você consiga ver suas fotos, me deixe contar, de novo, como você chegou e não ache que a mamãe chora por você. Se tem algo que vai permanecer e sempre vai definir o que eu sinto por você é a dor da inteireza, como vi em um blog. Isso eu sempre vou sentir. É tanto amor que dói, dói fisicamente, dói na alma e, dessa dor, eu jamais vou correr, é boa demais. Quero sentir diariamente todo esse amor que você me trouxe. Apesar de tudo ao que fomos submetidos, tenha certeza, depois de você, tudo está muito claro em meu coração, como a sua música já canta."





Esse texto eu fiz há alguns meses, por um lindo motivo e, especialmente, para que ele saiba a história dele, contada pela mãe, tão mudada depois desses quatro anos e pouco. A propósito, hoje faz quatro anos que escrevi o primeiro relato. Veja aqui:

 http://registrosavulsos.blogspot.com.br/2010/12/e-assim-se-passaram-seis-meses.html

Como ele cresceu....e eu ainda mais !!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O amor e o tempo.

O amor e o tempo.

Hoje resolvi fazer uma sessão "tortura", rs, assistindo aos vídeos mais antigos (oi?), do Cauê bebê e da Mariah recém-nascida. Me fez tão bem ver como eles mudaram, crescendo, como já demonstravam a personalidade e como eram - e são ! - amados. A pouco mais de quarenta e cinco dias pro segundo aniversário da Mariah, com o seu Cauê completando 52 meses, rs (mêsversário, cadê vocêêêêêê), ao mesmo tempo, me bateu uma melancolia forte. E foi assim que eu resolvi desabafar, em um único parágrafo, meio que sem respirar, prá dizer o quão eu fui abençoada, o quanto eu agradeço pela existência dos dois. E prá reclamar, também, do implacável tempo. Ele sim tem trabalhado contra. Vendo os vídeos, me toquei que nunca mais vou viver qualquer acontecimento simples, cotidiano, que eu vi em cada video; cada som, cada gesto, cada careta, ficaram ali registrados e nunca mais serão vividos. É uma dor estranha e incomoda isso, porque, simplesmente, não mais existirão. Ficaram só os registros. A única coisa que é sempre igual, sempre, sempre, e vai ser sempre, é o sentimento de amor, bruto, incontrolável e de felicidade, porque eu consigo me lembrar exatamente do que sentia na hora em que gravei cada vídeo (não sei se repararam, mas, quando nasce um bebê, nasce uma cineasta amadora). Obrigada vida pelos meus filhos, obrigada câmera pelos momentos e, tempo, senhor e rei, vá com calma. Não deixarei que retire de mim a sensação de cada um desses momentos.

A propósito, fica a dica em não misturar tpm, videos, músicas e imagens de seus bebês. Sujeito a prolongada crise de choro, rs.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Os primeiros seis meses das nossas vidas....

Mariah, 


um dia, eu vou te contar pessoalmente a nossa história. Mas, agora, tenho a necessidade de contar já, prá todo mundo, o jeito que você chegou.

Eu já não contava mais com você quando você se fez. De surpresa, de supetão, em meio à grandes tempestades que aconteciam. Algumas eu encarava, outras eu fazia não ver. E, mesmo assim, com tombo da cama e alguns sustos, você continuou. E, desde o início, eu percebi o quanto você era segura, forte, determinada. É isso, determinada.

E, nesse tempo, eu já não era a mesma pessoa que havia recebido seu irmão. Algo estava mudando.

Desde sempre, eu sabia que a minha menina estava a caminho. Não precisava de nada prá eu ter a certeza de que não havia Théo, que era, sempre, a Mariah. Minha Mariah. E, em meio a uma gravidez tumultuada por problemas meus, a gente foi se conhecendo, se agarrando uma a outra, companheiras, irmãs, amigas, mãe e filha, não sei qual o rótulo da nossa ligação. 

E tudo seguiu, até que, no meio de dezembro de 2012, nossa vida teve um atropelo, uma tristeza, um acontecimento que mudou tudo. E, apesar de já te ostentar com uma barrigona de oito meses, você ficou ali, firme, segura, tranquila, me dando uma serenidade, uma força descomunal.Escrevo isso aos prantos em relembrar cada dor daquele dia e de, ao mesmo tempo, me sentir exatamente como me sentia com você dentro naquela ocasião: segura, firme, certa de mim. Eu não estava só. Eu estava iluminada e fortalecida por você.

Seguimos, agora, depois de decepções até com quem nos acompanhava no pré-natal, rs. Sozinhas, por nós. A minha preocupação, desde o início, era que você fosse respeitada em seu tempo. Eu jamais permitiria que agissem com você como permiti que fizessem com o nosso Cauê. Jamais. Te ter afastada de mim era inconcebível. Por isso, no fim do fim, rs, a minha garantia do seu bem estar era sentir você mexer, me sentir bem, era só isso. Ainda bem que nossa rede de apoio, pai, nossa doula, estavam juntos para me mostrarem como eu estava certa.



E, então, deixei você seguir dentro. Dentro. Não nascia, todo mundo falava, hahahahahah. Família apreensiva, amigos apreensivos e você, na sua, rs. Incrível. Hoje, sinto saudade de cada movimento seu que anunciava que estava pronta, cada contração, cada dorzinha que eu torcia prá que aumentasse prá te ter logo. Sempre imaginava que seu nascimento, por um parto, me renderia de toda dor que senti quando o Cauê nasceu. Agora, vejo que cada nascimento é único, que todas as sensações, boas ou ruins, ficam nele. Não há o que mudar.


Até que, no dia 14 de janeiro, eu não aguentei. Parto é na nossa cabeça, mais do que ninguém eu sabia disso. Mas, prá mim, já não dava mais prá seguir, garantindo o nosso bem estar, sozinha. Você dava sinais, eu entendia, sabia que estava próximo, mas, não havia como seguir. E, depois de muito choro, alguns gritos, um grande desabafo de mim prá mim mesma, eu resolvi que era a hora de ir para o hospital. Quase 42 semanas de gestação - 44, me disseram os médicos, depois, hahahahaha -, algumas oscilações de pressão alterial, me levaram a isso. E, agora, vejo como eu fui feliz em decidir isso naquela hora: as contrações apareceram mais ritmadas do que nunca. Tímidas, indolores, mas, ali, persistentes.

Bem, daí até seu nascimento, alguns percalços: mãe sozinha no hospital, cansada, imensa, com contração, tudo para e, depois de uma avaliação, uma cesárea anunciada. Naquela hora, no entanto, eu não senti a decepção que eu achei que fosse sentir, comigo mesma. Era a sua hora, era o seu jeito, e você tava ali, às vezes quieta, às vezes mexendo, mas, novamente, me dando uma tranquilidade imensa.

Enfim, você estava chegando. Lembro de que, no caminho para o centro cirúrgico, na maca, deitada, numa condição de mãezinha que não gosto jamais de ostentar, eu chorei. Chorei de tremer, sabendo que você estava chegando, sabendo que seria através de uma cesárea, sem saber como você estava de fato - afinal, não tivemos fim de acompanhamento médico. Quando vi seu pai chegando, alguns burburinhos sobre ele não subir, mas ele já estava ali, comecei a me acalmar. E, logo vi, tinhamos mais companhia: seu tio, padrinho, meu irmão mais novo, estaria conosco. E a paz que eu precisava apareceu.




Daí prá frente, seqüência de fatos confusos: todo mundo me paramentando, médico terminando uma outra cirurgia de emergência, anestesia me dando atenção (quanta diferença !!! Tinha uma outra ideia de anestesista), equipe de apoio suuuuper atenciosa e, então, alguém diz para o seu padrinho auxiliar no procedimento. E, aqui, pausa, porque é o meu orgulho de irmã mais velha que vai falar.




O Eduardo, nosso mais novo, caçula, mimado, querido e orgulho de toda família: eu jamais vou esquecer você estar comigo nessa hora. Jamais. Lembro da expressão do seu rosto, de seus olhos enchendo d'agua quando passaram para você a incumbência de participar do nascimento da Mariah. Em nenhum momento de todos os meus sonhos de nascimento dela poderia ter acontecido algo melhor. Ver você orgulhoso, feliz, satisfeito em estar ali, foi maravilhoso. E, modéstia muito de lado, hahahahaha, acredito que somos um pouquinho responsáveis pela sua escolha profissional, rs. 


Quando já estava tudo pronto, as contrações voltaram com tudo. Mesmo. Fortes, doloridas, de um jeito que eu não conseguia respirar deitada. E me botaram sentada, porque ainda teria um tempinho. Fiquei tão feliz !! Era a certeza de que você estava pronta, queria chegar. E, finalmente, estava na hora. 

Seu pai entrou, colocaram ele próximo a mim, aquilo tudo de ornamentação cirúrgica que eu já conhecia e que não me fazia bem. Enfim. Médico me pedindo prá ficar acordada "Não dorme, sua filha vai chegar", seu pai fazendo uma expressão tensa no rosto, eu viajandooooo de novo com a anestesia - afff -, e, depois de algum tempo, alguém diz assim: "Olha o tamanho dessa menina !!!! E essa louca queria que eu induzisse o parto dela, imagina", hahahahahahahahahah...Sério, não me faz mal lembrar disso. Me dá alegria. Eram portentosos 4.690kg, rs, bem distribuídos em 52 cm, rs. E você chorou, pouquinho, e te trouxeram prá perto de mim. 

Eu nunca tinha sentido o cheiro de um recém-nascido, o calor da pele de um, mesmo sendo meu segundo filho. Era tudo novidade. Era tudo maravilhoso, mesmo não sendo como eu tinha imaginado. E, algumas horas depois, te trouxeram prá mim: enormeeeee, enormeeee, linda, minha Mariah, perfeita. E logo mamou. E cá estamos, desde o dia 15 de janeiro, estamos juntas. Nunca nos separamos, hora nenhuma depois que você chegou para mamar. 

Sua chegada foi intensa, maravilhosa, aguardada, vivida cada segundo. 

Depois disso, minha querida, seguiram-se os meses que mais depressa passaram na minha vida. Sua adaptação foi tranquila, serena. O Cauê se adaptou a você-novidade muito facilmente. Eu, no entanto, demorei um pouco mais. Me senti à vontade para chorar muito depois que você nasceu, algumas vezes de uma tristeza que eu até sabia de onde vinha e que era extremamente necessária para eu me transformar de vez.

Seu pai ainda ficou meio atrapalhado em ter dois, em me ver sem barriga, rs, mas, até que se entendeu bem, rs.
Foram seis meses de aleitamento materno exclusivo, em que, na verdade, nos nutrimos uma da outra, rs. Agora, começa uma nova fase, em que você vai descobrir um mundo de sabores, texturas, cheiros. Prá mim, foi tão fácil e descomplicado dessa vez que nem parece que se foram seis meses. Tudo tão natural, tão simples, tão nosso...

Foram seis meses de aleitamento materno exclusivo, em que, na verdade, nos nutrimos uma da outra, rs. Agora, começa uma nova fase, em que você vai descobrir um mundo de sabores, texturas, cheiros. Prá mim, foi tão fácil e descomplicado dessa vez que nem parece que se foram seis meses. Tudo tão natural, tão simples, tão nosso...
E, por tudo isso que se seguiu, temos que agradecer a nossa família, sempre tão presente, às pessoas maravilhosas que eu conheci enquanto te aguardava, que me deram apoio e norte para perceber em como eu não era a maluca que queria um parto depois de um cesárea, rs, e ao seu pai, que, depois de tudo, continuou ao nosso lado, buscando uma nova vida de verdade.

E, por tudo isso que se seguiu, temos que agradecer a nossa família, sempre tão presente, às pessoas maravilhosas que eu conheci enquanto te aguardava, que me deram apoio e norte para perceber em como eu não era a maluca que queria um parto depois de um cesárea, rs, e ao seu pai, que, depois de tudo, continuou ao nosso lado, buscando uma nova vida de verdade.

Muitos mamás, alguns banhos de leite, rs, alguns vômitos, muito sono, muito sono, você sempre próxima, exigente, participativa, segura e determinada. Aí, de novo, sua maior qualidade: você é determinada. E isso me dá um baita orgulho, em ver que você já chegou dona de si.

Mariah é uma variação de Maria que, do hebraico, significa senhora soberana. É exatamente o que você demonstra ser hoje.


Você acabou coroando a nova fase de nossas vidas, minha, do seu pai, da nossa família, do Cauê. Ele também foi beneficiado com as novas pessoas que surgiram disso tudo, novos pais. Você me modificou, me reinventou, me libertou, me fez crescer não sei. Só sei que, depois de você, uma outra Maria Cristina surgiu, mais intensa, madura, feliz, disposta a sentir tudo o que a vida tem a oferecer, de bom e de ruim também. A imensa vontade de viver que eu tenho hoje, sem me importar com mais nada, você que deu. Obrigada, meu amor. Em nenhum dos sonhos antes de você eu era tão feliz. Feliz nossos primeiros seis meses !! <3 nbsp="">

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mariah

Pois é, até agora não escrevi nada. O tempo voou e eu fui levando, levando, na correria imaginária do dia a dia. Sim, gastei minhas horas vagas com Friends, rs, as outras ficaram com o Cauê, com o trabalho, com todo mundo aqui de perto. Mas isso não significa que não pensei em você desde sempre.

Você se confirmou em um dia que eu tava muito, muito triste, decepcionada. No desenrolar desse dia, eu me surpreendi com uma segurança que nunca tive e sempre desejei. Eu já não estava sozinha, né. Não foi uma gravidez planejada, mas foi extremamente desejada !!!! Pedi todos os dias à Deus - que, apesar das nossas brigas, rs, jamais deixou de me atender ! -, que se mostrasse através do estado mais perfeito de uma mulher, em que Ele demonstra todo sua magnitude. E você veio. E veio prá mim aquela sensação de completude sem igual.

E assim se seguiu. Muitos sustos nos acompanham desde o início. Situações sérias, grandes perrengues que tem se sucedido, que não imaginava passar jamais, ainda mais grávida! Mas, como eu disse, eu já não estava só e a força que vem de você me fez - e me faz - enfrentar cada dificuldade que aparecer. 


Há algum tempo atrás, eu escrevi que a vida toda tinha me preparado prá você. E então veio seu irmão e mudou tudo, rs. Perfeito !!! Tudo o que achava que sabia, que tinha experiência, se foi, em meio às alegrias, incertezas e medos do primeiro filho. Com o Cauê, aprendi a suportar e superar todos os receios, ânsias, agonias da criação de uma criança e, especialmente, de uma mãe. E achei, ingênua, hehehe, que na segunda vez seria tudo muiiiito mais fácil, mais tranquilo, sem aquela agonia que vem com a completude. Não é. Os medos, as angustias, as alegrias estão sempre presentes e são diferentes. E ao mesmo tempo igual, com aquela sensação de "é, eu já passei por isso".

Agora, vamos nos deparar, novamente, com a criação de uma mãe, rsrsrsrs. De duas crianças, dois seres que terão que ser protegidos, orientados, acarinhados, amados por mim, ao mesmo tempo e de formas diferentes, com a idêntica intensidade, sem ter nem como mensurar o tamanho. Vai começar tudo de novo !!! (E lá vem o medo de novo, rs).   E isso é perfeito, mais uma vez!! Estou aqui, no aguardo de aprender tudo de novo, zerada, prá que você e eu consigamos encontrar o nosso jeito.


Não sei se vamos viver as experiências que tive, se elas te servirão prá alguma coisa, mas sei que estamos juntas. Tem sido assim, desde sempre. É incrível a cumplicidade que temos desde o começo. A dificuldade vem, eu enfrento daqui e você segura as pontas daí. A cada susto, ouvir seu coração saudável e você se mexendo era como se você me dissesse "Faz sua parte, que eu to fazendo a minha! Tamo juntas!", rs. É exatamente o que eu sinto !!! Por isso, Mariah, eu guardei só prá nós a maioria dos sentimentos bons e ruins que tive, a gente sabe, você sente, eu sei. Por isso, não escrevi tanto quanto eu gostaria - ou deveria ?-, deixei só conosco cada uma dessas sensações, é o que alimenta a nossa cumplicidade. Que você venha, meu amor, prá que, juntas, saibamos desfrutar a felicidade que é ter você na minha vida !!! 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A nova moda são os desenhos. Milhares de rabiscos, coloridos, de lápis preto, de caneta bic, milhares. Comecei minha coleção de papéis de todo tipo, de jornal, de caderno, de sulfite, amassados, cheios de pretensos desenhos. Desenhos não, cheios de bolas vistas só por ele. E como ele é feliz em meio aos desenhos redondos nada circulares, tudo vem acompanhado de barulhinhos de risadas em cada rabisquinho, com musiquinhas prá cada cada forma reconhecida. 


Mais uma etapa está terminando...mais um etapa está começando...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Neneiês versão Cauê 1.9

O registro de hoje fica por conta da infindável lista de palavras que o Cauê já fala (porque, ele já fala a meu ver, ainda que pros outros ele só balbucie). E, claro, só eu, o pai e os avós entendem, heheheheheheheh.


Vamos lá, tomem nota, ;)


Bola: bola mesmo
Bola bola bola bola bola: bolas feitas à mão no box do banheiro durante o banho
Gol: gol
Ahhhhhhhguuuuuaaaa: água
Uco: suco
Tetê: leite com chocolate
Mamá: leite da mamãe
Papá: comida no almoço e janta
Chá: bolacha
Zul: Brasil
Tchiatchia: Corinthians
Aulo: São Paulo
Tos: Santos
Cócó: Galinha Pintadinha
Có: Cocoricó
Ito: Titor
Tó: Vitórya
Ala: Clara
Papai: Papai
Mae: Mãe
Uôuô: vovô
Uó: vovó
Indo: dindo
Ina: Tina
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii: quero chamar a atenção
Aaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhh: ups, fiz arte
Tal: Natal
Dozi: dois
Trezi: três
Uatro: quatro
Inho: bainho
Naná naná naná: hora de dormir
Eeeeeeeeeeeeeeeeeee: usado em ocasiões em que ele se acha o máximo e se auto aplaude, rs.
Oco: oloco, mew
Carruuuu: carro
Motuuuuu: moto
Ipa: pipa
Dô: dodói
Dó: doente
Ente, ente, ente: dente, dente, dente
Cabô: acabou, saiu, foi embora
Tauuuuuuuuuuu: tchau


Tudo isso prá dizer o quanto eu me sinto orgulhosa pelas pequenas conquistas dele, como cada pequeno gesto, que passaria despercebido, eu procuro guardar, porque é isso que, logo mais, vai preencher minha saudade de vê-lo crescendo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O que eu mais gosto ?

Dos seus cabelos com quatro ou cinco tons de loiro e alguns castanhos perdidos, devidamente desorganizados em muitos cachos...Onde está o cabelo liso e escuro ?
Dos seus olhos em que me vejo e me reconheço, que me olham firmemente enquanto mama e aqueles segundos ficam para a eternidade...
Dos seus dedinhos que me beliscam quando tens sono, das suas mãos que me acariciam e me batem quando tens sono também, rs
Da hernizinha do seu bibigo...ui, ui, calma mamãe, isso já fecha!
Dos pezinhos inquietos quando tens sono, quando queres dançar e brincar, agitados indo prá lá e prá cá....
Não sei não....acho que é do conjunto da obra !
Da minha obra, que, de bebê, já se faz uma criança, tão rápido, tão perfeito.