segunda-feira, 15 de julho de 2013

Os primeiros seis meses das nossas vidas....

Mariah, 


um dia, eu vou te contar pessoalmente a nossa história. Mas, agora, tenho a necessidade de contar já, prá todo mundo, o jeito que você chegou.

Eu já não contava mais com você quando você se fez. De surpresa, de supetão, em meio à grandes tempestades que aconteciam. Algumas eu encarava, outras eu fazia não ver. E, mesmo assim, com tombo da cama e alguns sustos, você continuou. E, desde o início, eu percebi o quanto você era segura, forte, determinada. É isso, determinada.

E, nesse tempo, eu já não era a mesma pessoa que havia recebido seu irmão. Algo estava mudando.

Desde sempre, eu sabia que a minha menina estava a caminho. Não precisava de nada prá eu ter a certeza de que não havia Théo, que era, sempre, a Mariah. Minha Mariah. E, em meio a uma gravidez tumultuada por problemas meus, a gente foi se conhecendo, se agarrando uma a outra, companheiras, irmãs, amigas, mãe e filha, não sei qual o rótulo da nossa ligação. 

E tudo seguiu, até que, no meio de dezembro de 2012, nossa vida teve um atropelo, uma tristeza, um acontecimento que mudou tudo. E, apesar de já te ostentar com uma barrigona de oito meses, você ficou ali, firme, segura, tranquila, me dando uma serenidade, uma força descomunal.Escrevo isso aos prantos em relembrar cada dor daquele dia e de, ao mesmo tempo, me sentir exatamente como me sentia com você dentro naquela ocasião: segura, firme, certa de mim. Eu não estava só. Eu estava iluminada e fortalecida por você.

Seguimos, agora, depois de decepções até com quem nos acompanhava no pré-natal, rs. Sozinhas, por nós. A minha preocupação, desde o início, era que você fosse respeitada em seu tempo. Eu jamais permitiria que agissem com você como permiti que fizessem com o nosso Cauê. Jamais. Te ter afastada de mim era inconcebível. Por isso, no fim do fim, rs, a minha garantia do seu bem estar era sentir você mexer, me sentir bem, era só isso. Ainda bem que nossa rede de apoio, pai, nossa doula, estavam juntos para me mostrarem como eu estava certa.



E, então, deixei você seguir dentro. Dentro. Não nascia, todo mundo falava, hahahahahah. Família apreensiva, amigos apreensivos e você, na sua, rs. Incrível. Hoje, sinto saudade de cada movimento seu que anunciava que estava pronta, cada contração, cada dorzinha que eu torcia prá que aumentasse prá te ter logo. Sempre imaginava que seu nascimento, por um parto, me renderia de toda dor que senti quando o Cauê nasceu. Agora, vejo que cada nascimento é único, que todas as sensações, boas ou ruins, ficam nele. Não há o que mudar.


Até que, no dia 14 de janeiro, eu não aguentei. Parto é na nossa cabeça, mais do que ninguém eu sabia disso. Mas, prá mim, já não dava mais prá seguir, garantindo o nosso bem estar, sozinha. Você dava sinais, eu entendia, sabia que estava próximo, mas, não havia como seguir. E, depois de muito choro, alguns gritos, um grande desabafo de mim prá mim mesma, eu resolvi que era a hora de ir para o hospital. Quase 42 semanas de gestação - 44, me disseram os médicos, depois, hahahahaha -, algumas oscilações de pressão alterial, me levaram a isso. E, agora, vejo como eu fui feliz em decidir isso naquela hora: as contrações apareceram mais ritmadas do que nunca. Tímidas, indolores, mas, ali, persistentes.

Bem, daí até seu nascimento, alguns percalços: mãe sozinha no hospital, cansada, imensa, com contração, tudo para e, depois de uma avaliação, uma cesárea anunciada. Naquela hora, no entanto, eu não senti a decepção que eu achei que fosse sentir, comigo mesma. Era a sua hora, era o seu jeito, e você tava ali, às vezes quieta, às vezes mexendo, mas, novamente, me dando uma tranquilidade imensa.

Enfim, você estava chegando. Lembro de que, no caminho para o centro cirúrgico, na maca, deitada, numa condição de mãezinha que não gosto jamais de ostentar, eu chorei. Chorei de tremer, sabendo que você estava chegando, sabendo que seria através de uma cesárea, sem saber como você estava de fato - afinal, não tivemos fim de acompanhamento médico. Quando vi seu pai chegando, alguns burburinhos sobre ele não subir, mas ele já estava ali, comecei a me acalmar. E, logo vi, tinhamos mais companhia: seu tio, padrinho, meu irmão mais novo, estaria conosco. E a paz que eu precisava apareceu.




Daí prá frente, seqüência de fatos confusos: todo mundo me paramentando, médico terminando uma outra cirurgia de emergência, anestesia me dando atenção (quanta diferença !!! Tinha uma outra ideia de anestesista), equipe de apoio suuuuper atenciosa e, então, alguém diz para o seu padrinho auxiliar no procedimento. E, aqui, pausa, porque é o meu orgulho de irmã mais velha que vai falar.




O Eduardo, nosso mais novo, caçula, mimado, querido e orgulho de toda família: eu jamais vou esquecer você estar comigo nessa hora. Jamais. Lembro da expressão do seu rosto, de seus olhos enchendo d'agua quando passaram para você a incumbência de participar do nascimento da Mariah. Em nenhum momento de todos os meus sonhos de nascimento dela poderia ter acontecido algo melhor. Ver você orgulhoso, feliz, satisfeito em estar ali, foi maravilhoso. E, modéstia muito de lado, hahahahaha, acredito que somos um pouquinho responsáveis pela sua escolha profissional, rs. 


Quando já estava tudo pronto, as contrações voltaram com tudo. Mesmo. Fortes, doloridas, de um jeito que eu não conseguia respirar deitada. E me botaram sentada, porque ainda teria um tempinho. Fiquei tão feliz !! Era a certeza de que você estava pronta, queria chegar. E, finalmente, estava na hora. 

Seu pai entrou, colocaram ele próximo a mim, aquilo tudo de ornamentação cirúrgica que eu já conhecia e que não me fazia bem. Enfim. Médico me pedindo prá ficar acordada "Não dorme, sua filha vai chegar", seu pai fazendo uma expressão tensa no rosto, eu viajandooooo de novo com a anestesia - afff -, e, depois de algum tempo, alguém diz assim: "Olha o tamanho dessa menina !!!! E essa louca queria que eu induzisse o parto dela, imagina", hahahahahahahahahah...Sério, não me faz mal lembrar disso. Me dá alegria. Eram portentosos 4.690kg, rs, bem distribuídos em 52 cm, rs. E você chorou, pouquinho, e te trouxeram prá perto de mim. 

Eu nunca tinha sentido o cheiro de um recém-nascido, o calor da pele de um, mesmo sendo meu segundo filho. Era tudo novidade. Era tudo maravilhoso, mesmo não sendo como eu tinha imaginado. E, algumas horas depois, te trouxeram prá mim: enormeeeee, enormeeee, linda, minha Mariah, perfeita. E logo mamou. E cá estamos, desde o dia 15 de janeiro, estamos juntas. Nunca nos separamos, hora nenhuma depois que você chegou para mamar. 

Sua chegada foi intensa, maravilhosa, aguardada, vivida cada segundo. 

Depois disso, minha querida, seguiram-se os meses que mais depressa passaram na minha vida. Sua adaptação foi tranquila, serena. O Cauê se adaptou a você-novidade muito facilmente. Eu, no entanto, demorei um pouco mais. Me senti à vontade para chorar muito depois que você nasceu, algumas vezes de uma tristeza que eu até sabia de onde vinha e que era extremamente necessária para eu me transformar de vez.

Seu pai ainda ficou meio atrapalhado em ter dois, em me ver sem barriga, rs, mas, até que se entendeu bem, rs.
Foram seis meses de aleitamento materno exclusivo, em que, na verdade, nos nutrimos uma da outra, rs. Agora, começa uma nova fase, em que você vai descobrir um mundo de sabores, texturas, cheiros. Prá mim, foi tão fácil e descomplicado dessa vez que nem parece que se foram seis meses. Tudo tão natural, tão simples, tão nosso...

Foram seis meses de aleitamento materno exclusivo, em que, na verdade, nos nutrimos uma da outra, rs. Agora, começa uma nova fase, em que você vai descobrir um mundo de sabores, texturas, cheiros. Prá mim, foi tão fácil e descomplicado dessa vez que nem parece que se foram seis meses. Tudo tão natural, tão simples, tão nosso...
E, por tudo isso que se seguiu, temos que agradecer a nossa família, sempre tão presente, às pessoas maravilhosas que eu conheci enquanto te aguardava, que me deram apoio e norte para perceber em como eu não era a maluca que queria um parto depois de um cesárea, rs, e ao seu pai, que, depois de tudo, continuou ao nosso lado, buscando uma nova vida de verdade.

E, por tudo isso que se seguiu, temos que agradecer a nossa família, sempre tão presente, às pessoas maravilhosas que eu conheci enquanto te aguardava, que me deram apoio e norte para perceber em como eu não era a maluca que queria um parto depois de um cesárea, rs, e ao seu pai, que, depois de tudo, continuou ao nosso lado, buscando uma nova vida de verdade.

Muitos mamás, alguns banhos de leite, rs, alguns vômitos, muito sono, muito sono, você sempre próxima, exigente, participativa, segura e determinada. Aí, de novo, sua maior qualidade: você é determinada. E isso me dá um baita orgulho, em ver que você já chegou dona de si.

Mariah é uma variação de Maria que, do hebraico, significa senhora soberana. É exatamente o que você demonstra ser hoje.


Você acabou coroando a nova fase de nossas vidas, minha, do seu pai, da nossa família, do Cauê. Ele também foi beneficiado com as novas pessoas que surgiram disso tudo, novos pais. Você me modificou, me reinventou, me libertou, me fez crescer não sei. Só sei que, depois de você, uma outra Maria Cristina surgiu, mais intensa, madura, feliz, disposta a sentir tudo o que a vida tem a oferecer, de bom e de ruim também. A imensa vontade de viver que eu tenho hoje, sem me importar com mais nada, você que deu. Obrigada, meu amor. Em nenhum dos sonhos antes de você eu era tão feliz. Feliz nossos primeiros seis meses !! <3 nbsp="">